Os professores, angolanos e estrangeiros, da Escola Portuguesa de Angola (EPL), reclamam um aumento salarial em função da conjuntura económica actual. A direcção procura um consenso com os pais e encarregados de educação, esses que não concordam que se aumente o valor das propinas
Texto de: Romão Brandão
Amanhã de Terça- feira, ontem, na Escola Portuguesa de Luanda, surgiu com o pátio vazio e o exterior da escola cheio de alunos tentando entrar na instituição. Foi decretado o protesto dos professores, intercalado nos dias 17, 18 e 19 de Abril, 08,09 e 10 de Maio, e 08, 19 e 27 de Junho. Na da porta de entrada da escola vê-se o comunicado da direcção pedagógica a informar a todos os pais e encarregados de educação que, em virtude da greve decretada pelo colectivo de docentes e dado o grau de adesão à mesma, as actividades lectivas ficam suspensas de 17 a 19 de Abril.
Os professores reclamam contra as condições salariais, também devido à desvalorização, superior a 30%, do Kwanza para o euro, desde Janeiro. Normalmente recebem em Kwanzas indexados ao euro, mas a recusa dos pais e encarregados de educação, em Março, em aprovar um orçamento rectificativo para 2018, com o aumento da propina mensal, levou à convocação da greve, à qual aderiram, ontem, um total de 133 professores.
Em entrevista à imprensa, Paulo Arroteia, da Cooperativa Portuguesa de Ensino em Angola, que gere a EPL, reconheceu que face à conjuntura económica que o país atravessa, todo o mundo está a apertar o cinto, porque os custos não se mantêm estáveis, mas o que acha é que tem que existir um acordo entre as duas partes.
“A cooperativa tem estado a negociar com a comissão de professores e estamos a tentar chegar a um consenso, uma vez que a greve só prejudica os alunos. Os professores querem ver os salários actualizados dada a desvalorização do Kwanza. Ainda não sabemos bem como resolver esta situação, mas esperamos resolvê-la”, reforçou.
Não basta apenas olharmos para a reivindicação dos professores, segundo o responsável, quando têm também de olhar para a melhoria do ensino, bem como a melhoria das condições da instituição, por exemplo. O subsídio que o Estado Português paga para a manutenção da EPL já está desactualizado, e nem chega para gerir a escola, agravando agora o diferendo entre os pais.
Não havendo aumento das propinas, porque os pais não aceitaram a proposta do aumento, a escola vê-se com dificuldades para dar resposta às reivindicações dos professores. Previa-se aumentar a propina mensal de 112.200Kz para 130.000Kz.
A funcionar em Luanda há 30 anos, as actuais instalações da EPL foram construídas pelo estado Português, e no presente ano lectivo albergava um total de 2000 alunos, que se encontram sem aulas até que se resolva a situação dos professores. Os contratos dos professores estão em euros, mas todos recebem em Kwanzas, tanto os estrangeiros quanto os nacionais.
“Mais uma vez, tem de haver um equilíbrio, tanto dos encarregados de educação quanto dos professores. No fundo, os professores têm a razão deles; os pais também não querem que as propinas aumentem, dadas as dificuldades. O Governo português tem estado a par de toda a situação e estamos a tentar chegar a um consenso”, finalizou.
*com TVZIMBO