A Organização Mundial do Comércio (OMC) estima que o crescimento do comércio registará uma tendência decrescente ao longo dos próximos dois anos. A análise indica que em 2017, a taxa de crescimento do comércio mundial atingiu 4,7%, sendo esperado que diminua para 4,4% em 2018 e 4% em 2019, abaixo da média apurada desde 1990, de 4,8%, mas acima da média registada no período posterior à crise financeira e económica de 2008, de 3%.
Entretanto, a instituição também alerta para a eventualidade de uma revisão em baixa das projecções actuais, como resultado da escalada de tensões comerciais que afectam a confiança das empresas e as decisões dos investidores.
No ano transacto, as exportações de mercadorias da China atingiram 2.263 mil milhões USD, contribuindo para que o país ocupasse o primeiro lugar na lista dos principais exportadores de mercadorias do mundo e registasse um crescimento anual de 7,9%. Paralelamente, em termos de importação mundial de mercadorias, os EUA ocuparam o primeiro lugar com um total de 2.409 mil milhões USD, um crescimento de 7,1%.
Com a entrada em vigor da imposição de tarifas, por parte dos Estados Unidos da América, sobre a importação de metais – aço (25%) e alumínio (10%) – que inicialmente isentou o México, Canadá, Coreia do Sul, Argentina, Brasil, Austrália e a União Europeia, os receios relativamente ao começo de uma guerra comercial ganharam destaque a nível mundial. Apesar de temporária, a probabilidade de uma retaliação por parte destes países está suspensa por agora.
Porém, não se pode esperar o mesmo da China. Além de não beneficiar da isenção de tarifas, o presidente Donald Trump levantou a possibilidade de adopção de tarifas adicionais, que deverão ascender 100 mil milhões USD, sobre produtos chineses. Consequentemente, a China anunciou a imposição de tarifas até 25% a cerca de 128 produtos norte-americanos, como a soja, automóveis, aviões e carnes.
O fim das tensões comerciais é incerto, mas os primeiros impactos já começam a ser eminentes. Segundo a Reuters, a imposição de tarifas sobre as importações de aço e alumínio estão a aumentar os custos de equipamentos e infra-estruturas, contribuindo para que alguns agricultores e empresas agrícolas descartem planos de compra e expansão dos negócios.
O impacto da subida dos preços do aço na agricultura pode reflectir as consequências não intencionais e imprevisíveis do proteccionismo numa economia global. Nesta altura, os fazendeiros temem essencialmente o impacto mais directo das tarifas de retaliação ameaçadas pela China em plantações como o sorgo e a soja, que representam as mais valiosas exportações agrícolas dos EUA.
Os dados divulgados relativamente à evolução das transacções comerciais dos países, essencialmente os EUA e a China, podem suportar a manutenção das políticais comerciais adoptadas até ao momento.
A balança comercial norte- americana registou o maior défice dos últimos 9 anos em Fevereiro, cerca de 57,6 mil milhões USD. Semelhantemente, a China registou em Março um défice comercial de 4,98 mil milhões USD, que corresponde ao primeiro saldo negativo desde Fevereiro de 2017. Entretanto, o excedente chinês com os Estados Unidos reduziu para 15,43 mil milhões USD, uma quebra de 26% face ao mês anterior e 13% em relação ao período homólogo.
Se por um lado, a redução do superavit chinês nas transacções comerciais entre a China e os EUA poderá impulsionar a imposição de tarifas adicionais à importação de produtos chineses, por outro, a retaliação por parte da China com políticas similares não pode ser afastada, o que poderá minar os objectivos norte-americanos.
Alguns analistas alertam que o forte crescimento comercial que se tem registado até ao momento será essencial para a continuidade do crescimento económico e para a promoção de empregos. Entretanto, o crescimento poderá decair rapidamente, se os países continuarem a optar medidas mais protecionistas.