Alimentação, higiene e debilidades na assistência sanitária constam entre as queixas dos idosos. A direcção da instituição nega as acusações e afirma que, se fossem de facto maltratados, muitos já não estariam naquele centro que alberga cerca de 100 idosos.
POR: Domingos Bento
Assinala-se hoje o Dia Nacional do Idoso. Dados a que OPAÍS teve acesso indicam que o ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher controla 14 lares de assistência, que albergam cerca de mil e cinquenta idosos. O Beiral, localizado em Luanda, é uma das unidades de maior referência no acolhimento e tratamento de pessoas mais velhas em situação de vulnerabilidade social.
Nesta instituição, cerca de cem anciãos encontraram o tecto e o repouso que as famílias não lhes deram. No entanto, na óptica de alguns idosos, apesar de o amor e a fraternidade serem as palavras- chave que mais se ouvem neste lar, nem tudo por lá corre às mil maravilhas. Os velhos acusam a instituição de os tratar com pouca dignidade e respeito.
Segundo os anciãos, não tem havido, da parte de muitos funcionários, a atenção devida para om eles, situação que tem causado um mal-estar dentro daquele organismo público. Dizem os internados, na sua maioria acima dos 60 anos de
idade e que foram lá parar por vários motivos, que a instituição não cumpre as normas que orientam o bom tratamento e cuidados aos idosos que assentam no amor ao próximo, respeito e paciência.
Dentre as grandes queixas, os anciãos reclamam da alimentação que, para eles, apesar de serem três vezes ao dia, não são das melhores. Outra queixa prende-se com a postura “insensível” de algumas vigilantes. Conforme contaram, muitas destas funcionárias tratam os mais velhos sem o mínimo de respeito. A situação,
afirmaram, é mais tensa principalmente quando os anciões mais debilitados precisam de defecar ou urinar.
Quando assim acontece são obrigados a passar largo tempo com os excrementos, enquanto as vigilantes vagueiam de um lado para o outro. “E há momentos em que a pessoa precisa de ser tratada mas elas (as vigilantes) não estão aqui. Às vezes são os guardas que nos ajudam, porque essas senhoras só ficam em baixo da árvore ou no jango a conversar. Elas esquecem
que são pagas para nos tratarem bem. E se a pessoa reclamar elas querem partir para os gritos.
Fica difícil admitirmos isso”, atestou um ancião que vive no centro há mais de três anos. Outro idoso acrescentou que a situação é mais penosa no período de noite, porque as vigilantes e outros funcionários trabalham apenas ao longo do período diurno, deixando assim os mais velhos, às noites, à sua sorte. “Muitos de nós aqui já nem conseguem andar. Às noites é um sufoco. Passámos mal. Por exemplo, se defecarmos ou urinarmos nas roupas, vamos ficar assim até ao dia seguinte”.