Zuma e a sua coacusada, Christine Guerrier, que representa a empresa francesa de venda de armas Thalès, estão no banco dos réus no quadro de um dos escândalos que abalaram o Governo sul-africano nesta última década. Zuma é acusado de ter recebido subornos da empresa em causa em virtude de um contrato de armamento que remonta aos anos 1990.
Em 1997, o grupo Thalès obteve um contrato de armamento de 200 milhões de dólares americanos no quadro do programa de aquisição em massa de armas do Governo para modernizar a Marinha e a Força Área sul-africanas.
O antigo chefe de Estado sempre clamou a sua inocência, mesmo depois da detenção do seu conselheiro financeiro, Schabir Shaik, por corrupção. Em 2009, o Ministério Público abandonou todas as acções judiciais contra Zuma, alegando que os registos das comunicações telefónicas interceptadas deixavam pensar que o seu julgamento foi organizado para fins políticos. Esta decisão abriu a via da Presidência a Zuma.
Várias centenas de apoiantes do ex-Presidente passaram toda a noite diante do Tribunal, mas a multidão era menos numerosa do que aquela vista no seu julgamento por violação sexual antes da sua eleição à frente do Estado da nação arco-íris.
Antes da comparência de Zuma, o ministro da Polícia, Bheli Cele, advertiu Zuma e os seus apoiantes contra qualquer utilização das estruturas do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder) ou das cores do partido para mobilizar a opinião para a sua causa. “Se vocês cometerem crimes, vão responder pelas acusações sem pedir ao ANC para vos defender”, teria declarado na ocasião.
Quando Zuma se dirigiu à multidão, ele reafirmou que era inocente até prova em contrário, queixando-se de que “alguns querem tratar-me como se já fosse um criminoso”.