A classe empresarial angolana está a concorrer nos últimos tempos com governantes que também são empresários, facto que prejudica o ambiente de negócios no país, declarou no Sábado, em Ndalatando, província do Cuanza-Norte, o presidente da Confederação Empresarial de Angola (CEA), Francisco Viana.
Ao falar à margem da reunião da Associação dos Empresários do Cuanza-Norte, referiu que a partir do momento em que o agente do Estado também é empresário, ao invés de trabalhar para o Estado e a sua empresa, acaba por trabalhar para ele mesmo e para a sua família, tornando-se num concorrente desleal. Para isso, Francisco Viana defende o escrupuloso cumprimento da Lei da Probidade Pública, “para acabar com essas práticas lesivas à actividade empresarial normal, bem como o combate contra os empresários mancomunados com gestores públicos que levam sempre vantagens em detrimento de outros”. Um outro problema identificado pelo empresário é a falta de apoio técnico por parte do Governo, notando que o Estado cobra impostos, mas não presta os serviços a ele requeridos.
Entende que as instituições criadas para o efeito, como o Instituto de Apoio a Pequenas e Medias Empresas (Inapem), Instituto do Fomento Empresarial, Instituto de Desenvolvimento Agrário (IDA) Instituto de Sementes Agrícolas, entre outras, não têm cumprido cabalmente o seu papel, o de prestar assistência técnica nas respectivas áreas. Defende, com efeito, a reorganização dessas instituições e a redefinição das suas acções, bem como o apetrechamento de meios humanos, técnicos e financeiros para cumprirem melhor a sua vocação. Esclareceu que uma das batalhas da sua organização é fazer com que as próprias associações empresariais tenham essa capacidade de prestar assistência técnica aos empresários e de assegurar acompanhamento do desenvolvimento económico a nível dos municípios.
Francisco Viana defendeu, por outro lado, a reorganização do sistema financeiro angolano, de maneira a que o financiamento do apoio aos empresários funcione com acesso a taxas de juro aceitáveis. Segundo o responsável, nesta fase da diversificação da economia deve ser levada em consideração a organização das associações e cooperativas, com apoio do Executivo, no reforço do sistema financeiro e cambial, com vista ao aumento da produção interna e exportação. Disse que o grémio está, nesse momento, a aferir junto do Governo as condições de financiamento da actividade empresarial, “porque não se pode continuar a ter condições inaceitáveis de financiamentos de 25 a 30 por cento de taxa de juros, porque dificulta ao país alcançar níveis de produtividade e competitividade aceitáveis”. O outro problema que também afecta a economia, segundo o empresário, é o facto de as terras estarem concentradas nas mãos de uns poucos que nada fazem nelas, nem com elas.