Nos últimos dias, Angola viveu dois pequenos ensaios daquilo que poderá vir a ser a relação do poder local com o povo.
POR:José Kaliengue
Malanje e Cazenga são experiências e avisos aos políticos. As autarquias vêm aí e o povo terá o direito, a oportunidade de, nas urnas, dizer quem quer, ou não quer, a governar a sua circunscrição. Isto de recebermos um nomeado vai acabar. Passaremos a escolher alguém que apresente propostas de solução para os problemas e de desenvolvimento para as áreas em que habitamos. Alguém que dialogue melhor connosco, mas, sobretudo, que trabalhe. Se não gostarmos, sempre o poderemos “despedir” nas eleições seguintes. Não teremos de pedir que o levem. Malanje e Cazenga não são apenas problemas de Kuata Kanawa e de Tony Narciso, são sinais evidentes de descontentamento com o rumo do país, que é como quem diz, com o Governo, com quem manda e tem o dinheiro, com quem centraliza. Governadores e administradores dizem sempre estarem de mão atadas porque não recebem dinheiro. O risco agora é eclodirem outras manifestações noutras partes do país. Não há província feliz, não há município feliz. Os problemas são transversais: desemprego, malária, lixo, falta de escolas, falta de espaços de lazer, ausência de programação cultural, falta de transportes públicos, falta de espaços verdes, falta de segurança… são muitas faltas. E um alerta à palmatória do povo. O MPLA, que governa, é bom que comece a comunicar bem. Não sabemos se nas autarquias o povo irá às urnas ainda com esperança, ou se para julgar o que está feito.