Mais de 70 alunos, maioritariamente meninas, do Colégio Esperança desmaiaram na tarde de ontem (Sexta-feira) durante uma cerimónia de baptismo de caloiros decorrida no Pavilhão Gimnodesportivo do Benfica, na cidade do Lubango, fala-se em gás pimenta
POR: João Katombela, na Huíla
Estudantes com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos deram entrada no Hospital Central do Lubango às 12 horas e 40 minutos desta Sextafeira, socorridos pelo Instituto Nacional de Emergências Medicas de Angola (INEMA), supostamente intoxicados com gás pimenta. O director do Hospital Central do Lubango, Paulo Kassanga, disse à reportagem de OPAÍS, ontem, que os adolescentes estavam fora de perigo, em virtude de lhes terem sido administradas algumas drogas anti-veneno. “Nós fomos surpreendidos com esta avalanche de crianças que desmaiaram, tendo o hospital tomado todas as medidas anti-veneno, porque não sabemos qual é o produto que provocou os desmaios, mas, clinicamente, nós sabemos que para estes casos, com corticoides podemos mitigar efeitos. Neste momento elas estão a recuperar satisfatoriamente ”, revelou.
E acrescentou que o corpo clínico prestou todo o apoio necessário para reanimar os adolescentes desmaiados na actividade escolar. Por outro lado, Paulo Kassanga explicou não ter sido possível, em concreto, identificar a substancia supostamente inalada pelos estudantes do Colégio Esperança, o que só será explicado na sequência dos exames que o laboratório de criminalística vai efectuar. “Não é possível, porque nós não estivemos no local. Informações fornecidas pela direcção do Colégio Esperança dão nos conta de tratar-se de uma pastilha de gás- pimenta lançada no meio dos estudantes”, explicou.
“Eu vi” Entretanto, uma testemunha ocular do acto no pavilhão gimnodesportivo do Benfica, na cidade do Lubango, afirma tratar-se mesmo de gás pimenta, levado por dois estudantes que pulverizaram o local, e causaram o desmaio dos seus colegas. “No arranque do baptismo procedeu-se à revista de todos os alunos que entravam pelas duas portas que dão acesso ao pavilhão, eu estava por trás de um jovem que, no momento em que ele estava a ser revistado, levantou os braços, eu consegui ver que ele tinha uma bisnaga de gás pimenta. Logo de imediato fui avisar um dos membros da associação, mas ele me deu as costas e pensei logo em ir ter com um dos professores, mas de repente se instalou o tumulto”, declarou.
Polícia investiga
Entretanto, os supostos autores deste acto que provocou desmaios nos alunos do Colégio Esperança, não foram ainda identificados. O director do Gabinete de Comunicação e Imagem Institucional (GCII) da Polícia Nacional na Huíla, superintendente Carlos Alberto, garantiu que estão a ser feitas todas as diligências para a sua captura e consequente responsabilização criminal. “Na cidade do Lubango e no pavilhão do Benfica realizava-se, hoje (ontem), às 11 horas e 40 minutos, uma actividade escolar que tem a ver com o baptismo de caloiros, em que participavam mais de 300 alunos. No pavilhão havia dois supostos alunos, vistos pelos demais, que portavam um frasco cada um, de um produto que não conheciam, quando se tentou verificar, os indivíduos deflagraram este produto e no momento verificou-se a queda de alguns alunos, por inalação do gás. São indivíduos em fuga, mas que estão identificados pelas forças”, revelou. A venda de gás pimenta no mercado informal preocupa as autoridades policiais. Nos últimos tempos, um pouco por todo o país tornaram-se frequentes notícias sobre desmaios de alunos em escolas. Desde o ano de 2012, altura em que sucederam os primeiros desmaios em escolas de algumas províncias do país, começando por Luanda, até à data, não se sabe ao certo das suas causas.
O episódio desta Sexta-feira na cidade do Lubango, capital da província da Huíla, é visto pela Policia Nacional como o ponto de partida para o apuramento das reais causas detrás dos desmaios. O director do GCII do Comando Provincial da Polícia disse que já existiam sinais da circulação deste produto usado por forças policiais entre cidadãos civis, comercializado no mercado informal. A captura dos autores destes desmaios em massa, acrescentou, poderá conduzir ao fornecedor do material. “O que a Polícia sabe é que há produtos dessa natureza a ser vendidos em alguns mercados paralelos aqui na cidade do Lubango. Vamos, com a captura destes indivíduos, tentar apurar mais factos, pelo que esperamos a colaboração das populações, bem como dos alunos e professores do referido colégio”, apelou.